Rio de Janeiro / RJ - sexta-feira, 29 de março de 2024

VACINAÇÃO

Câncer provocado pelo vírus é a segunda maior causa de morte em mulheres no mundo. Imunização é recomendada para meninas partir dos 9 anos

 

 

Você provavelmente já ouviu falar das DSTs, o grupo de doenças que são transmitidas sexualmente. Dentro dessa categoria estão as lesões causadas pelo vírus HPV (Human Papiloma Vírus, ou papilomavírus humano, em português) na pele e nas mucosas genitais (vulva, vagina, colo do útero e pênis). O que pouca gente sabe é que além de causar escoriações, o agente está diretamente ligado ao desenvolvimento do segundo tipo de tumor que mais causa morte em mulheres no mudo, o câncer de colo do útero. A doença fica atrás apenas do câncer de mama e faz mais de 250 mil vítimas por ano.

 

São mais de 100 variações do vírus. Dentre os mais perigosos estão os tipos 16 e 18, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero. Além do ato sexual, o HPV pode ser transmitido através do toque com uma região afetada. Por isso, médicos e cientistas destacam as medidas de prevenção no combate à doença, como o uso de preservativos em todas as relações sexuais. Entretanto, a camisinha não oferece proteção completa. Por isso, outro recurso fortemente defendido por especialistas é o Papanicolau, exame capaz detectar alterações cervicais ou células anormais antes que evoluam para um quadro cancerígeno. Há, ainda, um teste de HPV, que identifica a presença do agente por meio de uma análise molecular.

 

O HPV não é uma ameaça apenas para o sexo feminino. "Estima-se que 60% dos homens com idade entre 18 e 70 anos tenham HPV no pênis, indo desde uma pequena verruga na região a uma contaminação em todo o órgão", alerta Luisa Lina Villa, diretora do Instituto Ludwing de Pesquisa sobre o Câncer, em SP. O tratamento pode ser bastante doloroso, realizado através de corte, congelamento ou queima da região afetada.

 

Imunização precoce

Outra informação pouco conhecida é a existência de vacinas contra o HPV. Ela é quadrivalente, ou seja, além de proteger contra os HPVs 16 e 18, previne contra os tipos 6 e 11, responsáveis por 90% das verrugas genitais. "A vacina traz apenas o código genético do vírus, o que afasta o risco de contaminação", conta Gonzalo Perez, diretor da empresa farmacêutica MSD.

 

A vacina contra o HPV é recomendada para mulheres entre 9 e 26 anos. Das 117 nações onde o uso é aprovado, 46 autorizam a aplicação em meninos de 9 a 15 anos. É justamente sobre esta característica que a imunização ganha contornos polêmicos, uma vez que alguns pais entendem que as doses podem significar um passe livre para uma vida sexual ativa. "Muitas vezes a penetração não se efetiva entre jovens, mas há toques. Por isso, as famílias devem refletir sobre a importância de vacinar seus filhos, sem preconceitos. E o melhor é que a prevenção aconteça o quanto antes", defende Luisa.

 

No Brasil, as vacinas não são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "Estamos negociando com o governo brasileiro para que ela chegue à rede pública. Também existe a possibilidade de transferência de tecnologia para que o Brasil possa fabricá-la a um custo mais acessível", revela Perez. Por enquanto, os interessados só a encontrarão em clinicas privadas. E é bom preparar o bolso: o custo médio é de

R$ 1 mil.